Há uma brincadeira corriqueira que diz que, no Brasil, o ano só começa mesmo depois do Carnaval. Pois 2010 terá alguns motivos para passar bem mais rápido: é ano de Copa do Mundo e também de eleições presidenciais, temas que costumam mobilizar grande parte das atenções dos brasileiros – tendendo mais para o futebol do que para a política.
Não podemos nos esquecer que 2010 deverá ser o ponto de partida de muitas ações que só veremos concretizadas no futuro. É preciso, então, que nós cidadãos exerçamos nosso dever e nosso direito de fiscalizar e cobrar as autoridades competentes para que elas cumpram seu papel. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 parecem uma miragem distante, mas estão mais próximas do que podemos imaginar.
Na folia que acabamos de presenciar e muitos cariocas e turistas apreciaram, vimos que ainda há muito o que se fazer no que se refere à infraestrutura da cidade para receber eventos. É fato que não houve maiores contratempos na Marquês de Sapucaí; porém, numa vistoria feita pelo Crea-RJ, na qual eu estava presente, identificamos que o estado geral do Sambódromo deixa muito a desejar e que diversos problemas de conservação podem ser danosos no futuro. E no carnaval de rua, que este ano atraiu mais foliões do que Salvador e seu trios elétricos, faltou uma maior organização para disponibilizar banheiros públicos. Nossa proposta de priorizar banheiros conectados diretamente às redes coletoras não prosperou. Os químicos continuam espalhando odores pouco suportáveis e afugentando as mulheres.
O metrô, muito utilizado tanto para quem ia para o Sambódromo quanto para cariocas e turistas em geral chegarem aos seus blocos preferidos, circulou lotado, sujo e com intervalos enormes. Nosso aeroporto internacional, o Galeão, ainda em reformas, precisa de modernização, para se igualar aos melhores do mundo.
Parecem pequenos detalhes, mas todos eles fazem parte da construção de uma cidade melhor. E de uma cidade que receberá, nos próximos anos, dois dos principais megaeventos mundiais. Não podemos deixar que a cidade, com sua vocação natural para receber e deixar estrangeiros e visitantes boquiabertos, permita que eles saiam daqui com má impressão.