terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Símbolo de desenvolvimento

Uma forma eficiente de constatar se vivemos em uma cidade considerada desenvolvida, e que oferece o mínimo de qualidade de vida para seus cidadãos, é olhar para sua malha de transportes. Um serviço eficaz é reflexo de que não apenas o transporte público anda bem, mas que também outros setores estão trabalhando de forma organizada: sendo ágeis na hora de enfrentar os desafios urbanísticos e de fiscalizar quem presta estes serviços.

Esta, infelizmente, não é a atual realidade do Rio de Janeiro. Na quinta-feira passada, estive presente em uma vistoria realizada no Metrô Rio, junto com o deputado estadual Alessandro Molon, o vice-presidente do Crea-RJ, Luiz Cosenza, o Sindicato dos Metroviários, além de outros especialistas, para avaliar como está o atendimento deste importante meio de transporte para a sociedade. O que verificamos foi o oposto do que é desejável para que os cariocas consigam chegar, com rapidez, segurança e conforto ao seu local de trabalho ou lazer.

Estações cheias, vagões superlotados, tempo de espera muito acima do recomendável estão entre os principais problemas enfrentados pelos usuários do metrô, que pagam uma alta tarifa para terem à disposição um serviço que não cumpre o que lhe é incumbido. A mudança na integração das linhas 1 e 2, divulgada como uma solução para a constante superlotação da estação Estácio, acabou se revelando um remédio amargo: com a construção da linha 1A, unindo a estação do Estácio a Central, o serviço, que custou ao governo e a população do Estado do Rio a concessão de mais 20 anos do serviço para a empresa, na verdade piorou.

O metrô conseguiu “soluções” inusitadas que não se vê nos metrôs existentes no mundo. Primeiro, jogou uma linha nova sobre outra, antiga, criando uma espécie de linha dobrada. Segundo, criou a “estação obrigatória na mesma linha de trilhos”, como é o caso da estação Botafogo, que é ponto final da linha 2 mesmo para quem vai seguir adiante, rumo à Copacabana ou Ipanema.

O Crea-RJ confia que a solução será encontrada, uma vez que o Metrô Rio e o governo sabem perfeitamente da importância do serviço para a população, principalmente daquela que mora em regiões mais distantes da cidade para chegarem aos seus locais de trabalho. Estamos atuando para colaborar na busca de um transporte público mais acessível e confortável para todos os cidadãos, à altura da importância que a Cidade Maravilhosa tem para o país e também para o mundo, como futura sede olímpica.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A engenharia e as catástrofes

Mais uma vez, o momento é de exercer a solidariedade. Após as chuvas provocarem desabamentos e mortes em Angra dos Reis, mobilizando o país, esta semana o mundo foi surpreendido por um intenso terremoto que devastou o Haiti, o país mais pobre das Américas. O abalo sísmico e a destruição foram tão grandes que chegaram a ser comparados à detonação de 30 bombas atômicas iguais as de Hiroshima.

Não há como prever ou prevenir uma catástrofe desta natureza, porém os esforços humanos são capazes de amenizar os prejuízos materiais e também de vidas humanas. Uma vez que o país encontra-se em uma área de falha geológica com alto risco de terremotos, é extremamente necessário e urgente o desenvolvimento de tecnologias e métodos de engenharia que possibilitem que estes acontecimentos tenham o menor impacto possível para os habitantes.

Na década de 90, por exemplo, abalos de fortes proporções quase destruíram a cidade de Kobe, no Japão, e a Califórnia, nos EUA. No entanto, suas conseqüências foram diferentes justamente por causa da engenharia. Os prejuízos nos EUA foram enormes, mas menores do que na cidade japonesa porque os americanos dispunham de uma infraestrutura instalada na adaptação das casas.

Infelizmente, a tragédia é agravada pela delicada situação socioeconômica do país. Por conta de suas condições precárias, o Haiti não possui equipamentos adequados para a detecção de tremores, nem ao menos máquinas capazes de ajudar no salvamento de pessoas soterradas por escombros. Além de enviar ajudas humanitárias, os países que, agora, se unem para tentar auxiliar nessa recuperação devem, também, fornecer equipamentos, engenheiros especializados e tecnologias para que, neste momento, os enviados de todo o mundo ao menos consigam chegar à capital, Porto Príncipe, e forneçam a ajuda que a população tanto necessita.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma tragédia que não pode mais acontecer

Assistimos todos, na virada do ano, a uma tragédia sem precedentes em Angra dos Reis. Após as fortes chuvas na véspera do Ano Novo, deslizamentos de terra no município e em Ilha Grande ceifaram a vida de mais de 50 pessoas, levando pânico e desespero a famílias que haviam acabado de celebrar mais uma passagem de ano, um momento que deveria ser de esperança e felicidade.

Apesar de ser difícil prever todos os deslizamentos de terra, é preciso investir em uma cultura preventiva de desastres para que seja possível detectar com mais rapidez e precisão áreas de riscos e, assim, evitar que as chuvas, tão comuns nesta época do ano, tragam prejuízos materiais e de vidas humanas. Afinal, não é de hoje que tempestades castigam os cariocas no verão. Exatamente pelo fato de não ser novidade, é espantoso que medidas de prevenção não sejam tomadas de forma mais consistente. E está provado que a cultura da prevenção, ainda tão rejeitada, custa muitíssimo mais barato, além de poupar vidas.

Uma sugestão que o Crea-RJ defende há muito tempo é a criação de um órgão estadual que atue nos moldes da Geo-Rio, empresa municipal responsável por avaliar áreas de risco e elaborar planos de contenção de encostas, entre outras atribuições que auxiliam a cidade a sofrer menos com os humores do clima.

Claro que não podemos ser ingênuos de achar que apenas a chuva é culpada pelo desastre. Anos de ocupações irregulares e a falta de planejamento urbano são outros dois sinistros ingredientes para que esse tipo de tragédia continue a acontecer em numerosos lugares. Por isso, espera-se que o recente trauma pelo qual Angra dos Reis ainda vai demorar para se recuperar sirva de exemplo e motivação às medidas necessárias para que acontecimentos deste gênero não voltem a acontecer.
 
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