Assistimos todos, na virada do ano, a uma tragédia sem precedentes em Angra dos Reis. Após as fortes chuvas na véspera do Ano Novo, deslizamentos de terra no município e em Ilha Grande ceifaram a vida de mais de 50 pessoas, levando pânico e desespero a famílias que haviam acabado de celebrar mais uma passagem de ano, um momento que deveria ser de esperança e felicidade.
Apesar de ser difícil prever todos os deslizamentos de terra, é preciso investir em uma cultura preventiva de desastres para que seja possível detectar com mais rapidez e precisão áreas de riscos e, assim, evitar que as chuvas, tão comuns nesta época do ano, tragam prejuízos materiais e de vidas humanas. Afinal, não é de hoje que tempestades castigam os cariocas no verão. Exatamente pelo fato de não ser novidade, é espantoso que medidas de prevenção não sejam tomadas de forma mais consistente. E está provado que a cultura da prevenção, ainda tão rejeitada, custa muitíssimo mais barato, além de poupar vidas.
Uma sugestão que o Crea-RJ defende há muito tempo é a criação de um órgão estadual que atue nos moldes da Geo-Rio, empresa municipal responsável por avaliar áreas de risco e elaborar planos de contenção de encostas, entre outras atribuições que auxiliam a cidade a sofrer menos com os humores do clima.
Claro que não podemos ser ingênuos de achar que apenas a chuva é culpada pelo desastre. Anos de ocupações irregulares e a falta de planejamento urbano são outros dois sinistros ingredientes para que esse tipo de tragédia continue a acontecer em numerosos lugares. Por isso, espera-se que o recente trauma pelo qual Angra dos Reis ainda vai demorar para se recuperar sirva de exemplo e motivação às medidas necessárias para que acontecimentos deste gênero não voltem a acontecer.
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