A Câmara dos Vereadores do Rio está finalizando a discussão sobre o novo Plano Diretor da cidade. E os jornais já informaram que o artigo que menciona a preocupação com o aquecimento global nas medidas relacionadas ao uso e ocupação do solo foi excluído de emendas propostas, o que preocupa ambientalistas e especialistas em planejamento urbano.
Por ser uma cidade litorânea e tropical, é certo que o Rio enfrentará, nos próximos anos, as consequências do aumento da temperatura do planeta. Uma delas, já previstas pelos cientistas, é a elevação no nível do mar. Por isso é muito importante que o Plano Diretor (que estabelece regras para o desenvolvimento urbano do município) leve em consideração esta e diversas outras questões ambientais.
O uso e a ocupação do solo são dois dos principais problemas enfrentados nas grandes metrópoles do país e do mundo. É com um sério planejamento urbano e habitacional que poderemos transformar o Rio em uma cidade sustentável, proporcionando melhor qualidade de vida para seus moradores e visitantes. Ainda estamos distantes de realizar este objetivo, mas esperamos que os vereadores tenham seriedade e sabedoria o suficiente e aprovem um plano apropriado aos nossos desafios presentes e futuros.
terça-feira, 27 de julho de 2010
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Prioridades
O governo divulgou esta semana o edital para a licitação do trem-bala, que deverá ligar o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas, passando pelos principais aeroportos do país. A obra, orçada em cerca de R$ 33 bilhões, precisa ficar pronta a tempo do início dos Jogos Olímpicos de 2016. No edital, o governo exige que parte da tecnologia empregada pelo consórcio vencedor seja brasileira, e que o percentual da utilização aumente ao longo do tempo de concessão - quem vencer o leilão irá não somente construir, mas operar o trem-bala pelos próximos 30 anos.
A construção de um Trem de Alta Velocidade (TAV) tem uma série de vantagens. Uma delas é o fato de interligar os aeroportos de mais movimento do Brasil e, com as estações intermediárias nos estados do Rio e de São Paulo, levar desenvolvimento a regiões intermediárias. Os principais países desenvolvidos do mundo possuem este modelo de transporte, que é uma alternativa mais barata à aviação, por exemplo. A previsão é de que o preço médio da passagem econômica seja de R$ 199, e a duração da viagem deve ser de cerca de uma hora e meia.
O alto valor do investimento e a quantia considerável de dinheiro público – o BNDES irá financiar quase R$ 20 bilhões – nos fazem refletir sobre a importância de uma fiscalização séria de uma obra como esta, e também da necessidade crescente de investimentos no transporte público. Quanto mais as metrópoles crescem, mais é preciso pensar em alternativas que privilegiem o coletivo, sob pena de, em poucos anos, nossas maiores cidades entrarem em colapso. Transporte individual é sinônimo de conforto para poucos, poluição e congestionamento; pensar em transporte coletivo é pensar em organização, sustentabilidade e conforto para muitos, com consequente desenvolvimento econômico e social.
A construção de um Trem de Alta Velocidade (TAV) tem uma série de vantagens. Uma delas é o fato de interligar os aeroportos de mais movimento do Brasil e, com as estações intermediárias nos estados do Rio e de São Paulo, levar desenvolvimento a regiões intermediárias. Os principais países desenvolvidos do mundo possuem este modelo de transporte, que é uma alternativa mais barata à aviação, por exemplo. A previsão é de que o preço médio da passagem econômica seja de R$ 199, e a duração da viagem deve ser de cerca de uma hora e meia.
O alto valor do investimento e a quantia considerável de dinheiro público – o BNDES irá financiar quase R$ 20 bilhões – nos fazem refletir sobre a importância de uma fiscalização séria de uma obra como esta, e também da necessidade crescente de investimentos no transporte público. Quanto mais as metrópoles crescem, mais é preciso pensar em alternativas que privilegiem o coletivo, sob pena de, em poucos anos, nossas maiores cidades entrarem em colapso. Transporte individual é sinônimo de conforto para poucos, poluição e congestionamento; pensar em transporte coletivo é pensar em organização, sustentabilidade e conforto para muitos, com consequente desenvolvimento econômico e social.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
A vitória necessária
Poucos eventos mobilizam tanto os brasileiros quanto a Copa do Mundo. Arriscaria dizer, inclusive, que o campeonato é a síntese da união do país em prol de um único objetivo: torcer pela vitória. Mas, enquanto todos estão com a atenção voltada para o que acontece quando a bola rola, não devemos esquecer a preparação para a Copa que acontecerá aqui no país daqui a exatos quatro anos.
A organização de um evento deste porte por um país em desenvolvimento deve ser acompanhada de perto pelo Brasil, uma vez que a próxima sede somos nós e a Copa não é realizada na América do Sul desde 1978, quando foi recebida pela Argentina. A festa sul-africana, até agora, sofreu alguns percalços, como o roubo no hotel de alguns jornalistas brasileiros e o assalto a jornalistas portugueses, em que os ladrões foram rapidamente localizados e presos. O maior problema enfrentado pelo público local e os turistas é a precária rede de transporte público, praticamente inexistente.
A Fifa anunciou há poucas semanas que o estádio do Morumbi está descartado do projeto para 2014, já que os paulistas decidiram dizer “não” ao projeto milionário aprovado pela entidade e propuseram outro com orçamento equivalente menos da metade do valor inicial. Caso São Paulo não acene com outra alternativa, a maior cidade do país ficará de fora do maior evento que o Brasil já sediou, o que seria uma perda. E o Morumbi, mesmo que, com sua reforma reduzida, seja aceito pela FIFA, não seria para abertura ou encerramento da Copa.
Enquanto isso, o Rio luta para organizar sua malha de transporte público e, depois de demonstrações de bom senso, a Prefeitura decidiu mudar de opinião e será responsável pelo redesenho das linhas de ônibus – anteriormente as próprias empresas interessadas apresentariam as propostas de solução. O cronograma de obras do Maracanã está atrasado, e como dito anteriormente, a infraestrutura dos aeroportos foi considerada extremamente longe das necessidades em estudo realizado pelo Ipea.
Infelizmente, a seleção foi eliminada nas quartas de final e toda a nossa festa ficou para a próxima competição. É importante usarmos este poder de mobilização não apenas para comemorações e torcidas, mas para lutar pela solução dos graves problemas que comprometem o nosso desenvolvimento enquanto cidade, estado e país.
A organização de um evento deste porte por um país em desenvolvimento deve ser acompanhada de perto pelo Brasil, uma vez que a próxima sede somos nós e a Copa não é realizada na América do Sul desde 1978, quando foi recebida pela Argentina. A festa sul-africana, até agora, sofreu alguns percalços, como o roubo no hotel de alguns jornalistas brasileiros e o assalto a jornalistas portugueses, em que os ladrões foram rapidamente localizados e presos. O maior problema enfrentado pelo público local e os turistas é a precária rede de transporte público, praticamente inexistente.
A Fifa anunciou há poucas semanas que o estádio do Morumbi está descartado do projeto para 2014, já que os paulistas decidiram dizer “não” ao projeto milionário aprovado pela entidade e propuseram outro com orçamento equivalente menos da metade do valor inicial. Caso São Paulo não acene com outra alternativa, a maior cidade do país ficará de fora do maior evento que o Brasil já sediou, o que seria uma perda. E o Morumbi, mesmo que, com sua reforma reduzida, seja aceito pela FIFA, não seria para abertura ou encerramento da Copa.
Enquanto isso, o Rio luta para organizar sua malha de transporte público e, depois de demonstrações de bom senso, a Prefeitura decidiu mudar de opinião e será responsável pelo redesenho das linhas de ônibus – anteriormente as próprias empresas interessadas apresentariam as propostas de solução. O cronograma de obras do Maracanã está atrasado, e como dito anteriormente, a infraestrutura dos aeroportos foi considerada extremamente longe das necessidades em estudo realizado pelo Ipea.
Infelizmente, a seleção foi eliminada nas quartas de final e toda a nossa festa ficou para a próxima competição. É importante usarmos este poder de mobilização não apenas para comemorações e torcidas, mas para lutar pela solução dos graves problemas que comprometem o nosso desenvolvimento enquanto cidade, estado e país.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Para ficar de olho
A Câmara dos Deputados adiou para a próxima semana a votação para a reforma do Código Florestal, legislação que, como o nome explica, cuida das nossas ricas flora e fauna. A mudança flexibilizaria a demarcação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), permitindo que cada estado possa regulamentar as suas, além de anistia para quem desmatou até 2008. Muitos ambientalistas são contrários à alteração, uma vez que ela diminuiria a proteção atual das florestas.
O debate ainda vai perdurar. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou recentemente que irá apresentar sugestões ao relator Aldo Rebelo, uma vez que considera que as atuais mudanças prejudicariam, inclusive, as metas de redução de monóxido de carbono com as quais o Brasil se comprometeu ano passado, em Copenhague.
O que é consenso entre todos os lados da história é que a legislação atual precisa ser aperfeiçoada. O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, e não é de hoje que se sabe que a floresta em pé é um dos mais valiosos patrimônios que uma nação deve ter e preservar. É preciso que estas mudanças sejam feitas ouvindo os diversos atores envolvidos, e todos devem ter em mente que o que está em jogo é o futuro do nosso país. Não podemos permitir que grandes proprietários preocupados apenas com os resultados da produção agrícola ganhem uma lei mais branda no que se refere ao desmatamento, assim como não podemos onerar o já tão sofrido pequeno produtor, que luta para manter sua sobrevivência. E muito menos que a nossa já alta taxa de desmatamento, mesmo apresentando sinais de melhora, continue.
O debate ainda vai perdurar. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou recentemente que irá apresentar sugestões ao relator Aldo Rebelo, uma vez que considera que as atuais mudanças prejudicariam, inclusive, as metas de redução de monóxido de carbono com as quais o Brasil se comprometeu ano passado, em Copenhague.
O que é consenso entre todos os lados da história é que a legislação atual precisa ser aperfeiçoada. O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, e não é de hoje que se sabe que a floresta em pé é um dos mais valiosos patrimônios que uma nação deve ter e preservar. É preciso que estas mudanças sejam feitas ouvindo os diversos atores envolvidos, e todos devem ter em mente que o que está em jogo é o futuro do nosso país. Não podemos permitir que grandes proprietários preocupados apenas com os resultados da produção agrícola ganhem uma lei mais branda no que se refere ao desmatamento, assim como não podemos onerar o já tão sofrido pequeno produtor, que luta para manter sua sobrevivência. E muito menos que a nossa já alta taxa de desmatamento, mesmo apresentando sinais de melhora, continue.