Em agosto, o acidente com uma vítima fatal no Bondinho de Santa Teresa repercutiu fortemente na mídia. Passadas algumas semanas, é preciso que se destaquem fatos e informações negligenciados nessa divulgação e de grande importância para o assunto e, portanto, de interesse público.
O Crea-RJ se reuniu no início de setembro com o secretário de Transportes do estado, que propôs o encontro em respeito e reconhecimento à instituição e seu papel junto à sociedade. Além do secretário, participaram técnicos que trabalharam no processo de modernização do bondinho e representantes das empresas envolvidas no projeto que se ocuparam especificamente da questão do freio.
Nesta reunião, tivemos acesso a um histórico de acidentes do bondinho nos últimos 40 anos, incluindo os leves e aqueles com vítimas fatais. Essa perspectiva histórica nos permite analisar este acidente de outra forma. Sem dúvida ele é imensamente lamentável, mas, dentro desta nova perspectiva, se torna mais um triste acidente na história do meio de transporte e não um fato inédito, como nos faz supor a cobertura da mídia.
No mesmo dia da reunião citada acima, o Crea-RJ esteve com a direção da Associação de Moradores de Santa Teresa e seus advogados, que estão promovendo uma ação junto ao Ministério Público contra as empresas responsáveis pela modernização dos bondes. Preside esta Associação um conselheiro coordenador da Câmara de Arquitetura do Crea-RJ. Ouvimos suas reivindicações e reconhecemos a importância das suas afirmações.
A conclusão a que chegamos após as duas reuniões é de que é preciso, sempre, reunir o maior número de informações e ouvir os dois lados envolvidos na questão. A perspectiva histórica nos permite relativizar este acidente e nos mostra que, sim, as empresas envolvidas estão procurando fazer um trabalho sério.
Analisando dados tecnológicos apresentados pelas empresas, destacamos um ainda não abordado pela mídia: o tombamento dos bondinhos pelo Iphan. Este tombamento, que exige que se mantenham as características antigas dos bondes, impede maior liberdade e melhores opções técnicas na instalação de algumas tecnologias mais modernas que poderiam aumentar a segurança do transporte. Cada uma das partes envolvidas aqui mencionadas, ainda que estejam cumprindo seu papel, possivelmente devem ter acertos e erros.
Acreditamos no diálogo como meio para se alcançar melhorias para a sociedade. Por isso, mais uma vez, convocamos todos os envolvidos a continuarem com esse processo. Precisamos falar a mesma língua, em busca da segurança e do bem comum, pois o interesse maior é o da cidadania.
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