terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Balanço de Copenhague

Apesar da grande expectativa, infelizmente a Convenção do Clima de Copenhague acabou sem resultados significativos. O principal objetivo do evento, que era produzir um documento com valor legal com metas para a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera acabou saindo quase como um compromisso verbal dos países. Há muita discussão pela frente nesta questão, mas a decisão prática acabou ficando para a convenção no México, em dezembro do ano que vem.

Mas, mesmo sendo tratada como um “fracasso”, creio que o adjetivo para a convenção mereça ficar entre aspas. Afinal, foram obtidos êxitos bastante importantes. O primeiro é o fato de que, mesmo sem um consenso final, a cúpula no país dinamarquês não deixa dúvidas de que a preocupação com o aquecimento global e o futuro do planeta já não pode mais ser considerada secundária. O reflexo desta mudança de mentalidade pode ser quantificado pelo espaço que o evento ocupou na mídia mundial, seja nas alternativas ou na grande imprensa. O assunto vem gradativamente ganhando relevância e, a partir de agora, não poderá mais ser deixado de lado na agenda política dos governantes.

A segunda questão que saltou aos olhos de quem estava presente foi o protagonismo alcançado pelo presidente Lula, que com suas ousadas metas de redução das emissões (variando de 35% a 39% até 2020), ofuscou até Barack Obama. O presidente americano, em cuja campanha eleitoral previa uma mudança de atitude em relação ao clima, acabou decepcionando.

E por último, mas não menos digno de nota, é válido ressaltar que a grande lição de Copenhague é a importância da persistência. A mesma persistência de uma conferência que há 15 anos atrás começou pequenina, quase imperceptível aos olhos do mundo e da mídia e, hoje, se transformou num evento que atrai as maiores lideranças do planeta e atinge a dimensão dos maiores acontecimentos da Terra. É o exemplo de como precisamos lutar para alcançar nossos objetivos. E, falando na questão ambiental, do quanto os profissionais do Sistema Confea-Creas fazem parte deste processo de preservação do meio ambiente. A luta do clima deve ser encampada por todos e deve começar aqui, no Rio, nossa casa.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

De olho no futuro

Estou em Copenhague, esta semana, tendo sido eleito para representar o Confea nesta importante Convenção do Clima da ONU, que pode – ou, ao menos, pretende - definir os rumos do planeta para os próximos anos. Trago comigo a Carta do Amazonas, documento elaborado no início deste mês na 66ª Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (SOEAA), realizada em Manaus, na região amazônica, para “Pensar o Brasil no contexto mundial: inovação, desenvolvimento sustentável e ética”.

O documento, aprovado por aclamação por 2.500 profissionais inscritos no evento, trata de diversos aspectos. Entre eles, é de fundamental destaque a manutenção do que chamamos “floresta em pé”. Na dinâmica econômica de desmatamentos, principal vilão da destruição da nossa Amazônia, tem-se dado mais valor à floresta derrubada. E é preciso reverter este processo.

Devemos aproveitar o momento propício para investirmos pesadamente em conceitos que já começam a ser encarados de forma mais compromissada pelos atores econômicos: sustentabilidade e inovação tecnológica. Urge a implantação de ações e políticas públicas que minorem a desigualdade social e que tragam o desenvolvimento econômico necessário para a criação de um paradigma mundial, que leve em conta, entre outros fatores, o equilíbrio das matrizes energéticas e a adoção de padrões de consumo que não aumentem ainda mais a pressão sobre os recursos naturais disponíveis.

Para além das metas de emissões de gás carbônico na atmosfera e de medidas para combater o aumento da temperatura global, a Convenção do Clima deverá deixar mais claras as responsabilidades de cada país para a manutenção de um ambiente sustentável. Apesar de ser a atual maior poluidora do mundo, a China não pode ser penalizada, sozinha, pelos estragos causados há centenas de anos pelos países desenvolvidos, como os europeus e os Estados Unidos.

A consciência de que o futuro começa agora pode ser o primeiro passo para chegarmos ao mundo que almejamos ter.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Torcida com segurança

Neste fim de semana termina mais uma edição do Campeonato Brasileiro, com jogos em diferentes regiões do país. Passada a euforia de torcedores na comemoração das vitórias e do título, será a hora de pensar nas questões técnicas que envolvem a segurança de milhares de pessoas que vão aos estádios assistir aos jogos do seu time de coração.

Nos últimos anos, já tivemos alguns tristes exemplos de como a falta de manutenção dos estádios pode causar graves tragédias. Em 2007, por exemplo, parte da arquibancada superior do Estádio Fonte Nova, na Bahia, desabou e provocou pelo menos sete mortes. Este ano, uma arquibancada montada no estádio Enéas Torres, de Miguel Alves (PI), caiu deixando 28 pessoas feridas.

Pensando nisso, o Crea-RJ, os demais 26 Creas do Brasil e o Confea estabeleceram um convênio com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Ministério do Esporte para, a partir do ano que vem, vistoriar todos os estádios brasileiros – cerca de 700 – onde são disputados campeonatos reconhecidos pela CBF. O objetivo da ação é identificar eventuais problemas de acessibilidade, drenagem, eletricidade, estrutura, entre outros, e indicar a necessidade de reparos preventivos. A CBF sugeriu, ainda, que os Creas colaborassem com treinamentos para padronizar, tanto quanto possível, os trabalhos nos diferentes estados.

Ninguém duvida de que o Brasil é o país do futebol. Mas, além do bom desempenho dos times em campo, é necessário um trabalho eficiente da equipe de fiscalização para que a diversão nas arquibancadas continue garantida. Além de proteger os torcedores, atletas e demais freqüentadores dos estádios, a iniciativa é um ganho para o esporte do país que será a sede da Copa do Mundo em apenas cinco anos.
 
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