segunda-feira, 10 de maio de 2010

Puxão de orelhas

Na semana passada o Brasil passou por um momento bastante embaraçoso ao tomar um pito do secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, por causa do atraso no andamento das obras para a Copa do Mundo de 2014. Das 12 cidades-sede escolhidas para o evento, seis ainda nem começaram as obras, cujo início estava previsto para a última segunda-feira. Valcke chegou a ironizar a postura brasileira de adiar os prazos combinados, dizendo que estamos esperando o carnaval e as eleições passarem para os projetos começarem a andar.

Tudo isso em meio ao rescaldo doloroso de tragédias provocadas pelas chuvas no Rio e em Santa Catarina, além de outros estados, que acontecem praticamente todos os anos, sem solução! Prefeituras, governos e o Comitê Olímpico Brasileiro apressaram-se em apresentar justificativas para atrasos e problemas, mas a verdade é que o secretário-geral está certo. A Fifa ameaça o país com a retirada da sede daqui, caso os cronogramas sejam novamente desrespeitados, coisa que nunca aconteceu antes na história do mundial. Londres seria o plano B – não é para menos, uma vez que a capital inglesa está, exemplarmente, com todas as instalações esportivas e infraestrutura prontas para os próximos Jogos que receberá com dois anos de antecedência.

Na prática, não devemos passar por esse vexame avassalador. A menos de dois meses de seu início, a África do Sul enfrentou os mais diversos problemas para receber a Copa, incluindo greve dos trabalhadores das construções. O cronograma começou atrasado como está o nosso, e sob os olhares atentos da federação do futebol, o evento vai acontecer. O que não pode, porém, é os nossos governantes relaxarem com esta perspectiva e não cumprirem o que foi assinado em 2007.

Como já disse inúmeras vezes aqui no blog, faltam às autoridades competentes o comprometimento sério com o planejamento. Há muito trabalho pela frente, e se as mediocridades políticas e a burocracia forem postas de lado, tenho convicção de que podemos oferecer um dos maiores espetáculos já vistos. A Copa, assim como as Olimpíadas, são uma grande oportunidade de crescimento e visibilidade para o país e para o Rio de Janeiro. Não deixemos essa oportunidade passar.

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