Uma das maiores tragédias ambientais dos Estados Unidos acaba de completar um mês: o derramamento de óleo no Golfo do México, causado pela explosão de uma plataforma, ainda não conseguiu ser contido nem pelo governo americano, nem pela British Petroleum (BP), empresa responsável pelo desastre. Segundo o governo, apenas a companhia tem tecnologia suficiente para tapar os vazamentos do poço de petróleo, que já jorraram milhões de litros no mar.
O óleo já se espalhou por mais de 90 quilômetros do ponto onde começou a vazar, comprometendo um dos principais ecossistemas norte-americanos e o período de pesca, que se inicia nesta época do ano, o que põe em risco a sobrevivência e o abastecimento de centenas de milhares de pessoas. O grave acidente aconteceu justamente na época em que o presidente Barack Obama estava prestes a autorizar uma expansão controlada das plataformas na costa do país, de forma a conquistar seus oponentes republicanos para mudanças da legislação ambiental.
Por aqui, a nossa legislação ambiental é considerada uma das mais avançadas do mundo, apesar de, às vezes, ser pouco aplicada. Com a exploração de petróleo sendo feita basicamente em águas profundas – e a descoberta do pré-sal nos leva a mergulhar cada vez mais em busca do “ouro negro” -, a tragédia americana nos faz lembrar o quão arriscada é toda a operação de extração de petróleo do oceano, que ainda guarda uma misteriosa quantidade de espécies e é parte fundamental para a manutenção da vida na Terra.
A grande quantidade de plataformas no nosso litoral também não nos deixa esquecer a necessidade de se regulamentar os royalties pagos aos estados produtores, uma vez que, como ficou provado neste triste acontecimento, eles são os locais mais suscetíveis a grandes prejuízos ambientais.
O petróleo ainda é a principal fonte de energia do mundo e é apresentado como a verdadeira causa de guerras dissimuladas por outras razões, a exemplo da invasão e guerra no Iraque. O ex-presidente americano, George W. Bush, chegou a dizer, em certa ocasião, que somos todos “viciados” no combustível fóssil. Enquanto não se encontram alternativas à altura, e o petróleo se mantiver como o principal motor do desenvolvimento da Humanidade, eventos como o da tragédia do Golfo do México servem de alerta para continuarmos a proteger a nossa biodiversidade e a saúde do nosso planeta de ações humanas predatórias.
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