Os sucessivos adiamentos da votação a respeito do novo Código Florestal mostram o quanto o tema acirra os ânimos de ambos os lados – os ruralistas e os ambientalistas. O debate sobre a legislação que determina parâmetros para a produção agrícola e as delimitações de áreas de preservação ambiental é fundamental para que possamos preservar não apenas uma das principais atividades econômicas do país, mas também o futuro de rios e florestas.
O Código, cuja atualização é necessária – o primeiro documento é de 1934 – tem a responsabilidade de tratar não apenas das necessidades de hoje, mas também salvaguardar nosso patrimônio ambiental para o futuro. A tendência política mostra que o governo trata do assunto com cautela, mas tem feito diversas flexibilizações.
Mesmo que a bancada ruralista – numericamente mais forte que a ambientalista – consiga concessões, é importante que a lei mantenha o equilíbrio entre a conservação das florestas e ecossistemas nativos, os pequenos agricultores e a agricultura empresarial. A resultante principal tem que ser a sociedade brasileira. E o Brasil não pode passar vergonha na Rio + 20, que acontecerá em nosso país, 20 anos após a ECO-92.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Modernização necessária
A recente notícia de que o governo finalmente dará a devida atenção aos aeroportos brasileiros e negociará investimentos com a iniciativa privada é um alento para todos que torcem por um país mais estruturado e desenvolvido, especialmente às vésperas de receber eventos de grande porte, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Pequenos, mal sinalizados, desorganizados e operando acima de sua capacidade, os principais aeroportos do país ainda estão muito aquém dos encontrados no exterior. Quem já teve oportunidade de voar para países do Primeiro Mundo consegue notar bem a diferença. Por mais distante que seja das cidades, um transporte eficiente e integrado faz com que o viajante chegue ao seu destino de forma rápida e tranquila; e os incômodos com trânsito e bagagem são muito menores.
Que esta seja a primeira de muitas iniciativas necessárias para transformarmos a incrível e rara experiência de anfitriões de competições mundiais em um legado positivo ao Brasil.
Pequenos, mal sinalizados, desorganizados e operando acima de sua capacidade, os principais aeroportos do país ainda estão muito aquém dos encontrados no exterior. Quem já teve oportunidade de voar para países do Primeiro Mundo consegue notar bem a diferença. Por mais distante que seja das cidades, um transporte eficiente e integrado faz com que o viajante chegue ao seu destino de forma rápida e tranquila; e os incômodos com trânsito e bagagem são muito menores.
Que esta seja a primeira de muitas iniciativas necessárias para transformarmos a incrível e rara experiência de anfitriões de competições mundiais em um legado positivo ao Brasil.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Busca de soluções
O debate sobre a geração de energia, desenvolvimento econômico e suas consequências para o meio ambiente é, talvez, o debate mais importante de nosso tempo. Não é à toa que o tema tem aparecido em peso no noticiário, sob diferentes aspectos.
A tragédia nuclear no Japão, apesar do fim, infelizmente, distante, já muda, a partir de agora, o cenário futuro da utilização de usinas nucleares. Mesmo sendo difícil a extinção dessa energia, uma vez que é fortemente utilizada nos países desenvolvidos, o impacto do vazamento de Fukushima já faz o mundo repensar normas de segurança e a prorrogação de uso de usinas construídas na década de 70.
No início do mês, representantes de líderes mundiais se reuniram em Bangcoc, na Tailândia, para o início das negociações em torno da prorrogação ou não do Protocolo de Kioto, que expira em 2012. O evento, que foi uma prévia da COP 16, a ser realizada no fim do ano em Durban, na África do Sul, terminou sem garantias de que vai haver um acordo sobre o tema.
Por fim, o anúncio de que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) ter solicitado que o Brasil pare a construção de Belo Monte até que exigências como consultas nas comunidades indígenas sejam realizadas faz com que a hidrelétrica esteja, novamente, na berlinda.
Até que as negociações globais avancem e a discussão de alternativas seja seriamente colocada em pauta, muita energia, com o perdão do trocadilho, será gasta em discussões infrutíferas.
A tragédia nuclear no Japão, apesar do fim, infelizmente, distante, já muda, a partir de agora, o cenário futuro da utilização de usinas nucleares. Mesmo sendo difícil a extinção dessa energia, uma vez que é fortemente utilizada nos países desenvolvidos, o impacto do vazamento de Fukushima já faz o mundo repensar normas de segurança e a prorrogação de uso de usinas construídas na década de 70.
No início do mês, representantes de líderes mundiais se reuniram em Bangcoc, na Tailândia, para o início das negociações em torno da prorrogação ou não do Protocolo de Kioto, que expira em 2012. O evento, que foi uma prévia da COP 16, a ser realizada no fim do ano em Durban, na África do Sul, terminou sem garantias de que vai haver um acordo sobre o tema.
Por fim, o anúncio de que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) ter solicitado que o Brasil pare a construção de Belo Monte até que exigências como consultas nas comunidades indígenas sejam realizadas faz com que a hidrelétrica esteja, novamente, na berlinda.
Até que as negociações globais avancem e a discussão de alternativas seja seriamente colocada em pauta, muita energia, com o perdão do trocadilho, será gasta em discussões infrutíferas.
segunda-feira, 28 de março de 2011
O problema do século
Comemorado no último dia 22, o Dia Mundial da Água tem como intenção principal mobilizar pessoas em entidades sobre o tema, que ocupa cada vez mais importância nos dias de hoje. Um estudo divulgado na ocasião pela Agência Nacional de Águas (ANA) diz que, até 2015, o Brasil terá que investir R$ 70 bilhões em obras de saneamento, caso não queira passar por problemas de abastecimento.
Dono de um dos principais mananciais do mundo, o país sofre com a falta de tratamento adequado do esgoto e um enorme desperdício de água. A abundância em recursos hídricos causa uma falsa e preocupante sensação de que as medidas podem ser adiadas, mas se queremos garantir nossas cidades com água potável, os governos de todas as esferas precisam priorizar políticas públicas sobre o assunto desde já, sob pena de transformar a questão em mais um dos inúmeros gargalos para o nosso desenvolvimento.
Com mais de 1 bilhão de pessoas sofrendo com escassez de água, a gestão destes recursos certamente é uma prioridade mundial nos próximos anos. O Brasil não pode deixar para depois esta importante questão.
Dono de um dos principais mananciais do mundo, o país sofre com a falta de tratamento adequado do esgoto e um enorme desperdício de água. A abundância em recursos hídricos causa uma falsa e preocupante sensação de que as medidas podem ser adiadas, mas se queremos garantir nossas cidades com água potável, os governos de todas as esferas precisam priorizar políticas públicas sobre o assunto desde já, sob pena de transformar a questão em mais um dos inúmeros gargalos para o nosso desenvolvimento.
Com mais de 1 bilhão de pessoas sofrendo com escassez de água, a gestão destes recursos certamente é uma prioridade mundial nos próximos anos. O Brasil não pode deixar para depois esta importante questão.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Futuro seguro
Terceira maior economia do Planeta e um dos países mais preparados para enfrentar catástrofes, mesmo com eficientes planos de evacuação e contingência, o Japão sucumbiu ao maior terremoto de sua história. As tsunamis geradas pelo abalo sísmico devastaram cidades inteiras – além de terem gerado avisos de ondas gigantes ao redor do planeta –, e agora a maior preocupação é com a proporção que alcançará o acidente nuclear por conta das usinas que foram atingidas, e cuja radiação já chega a Tóquio.
O lamentável episódio, que ainda não terminou de contabilizar vítimas, aumenta o debate a respeito da necessidade de se pensar em fontes alternativas de energia para o Planeta e que sejam consideradas seguras, além de limpas. Após o grave acontecimento nas usinas, países como Alemanha e Suécia já decidiram frear a expansão de seus programas e estão revisando procedimentos de segurança para que catástrofes, como o vazamento de Chernobyl, na década de 80, não se repitam.
Nos últimos anos, o Brasil conquistou uma reconhecida liderança no debate a respeito de fontes alternativas de energia e também sobre sustentabilidade, protagonizando as discussões em fóruns na ONU a respeito da redução de emissões de carbono. Para continuar trilhando um caminho de sucesso, seja em termos de reconhecimento, mas também de ações efetivas, o país não pode deixar de avaliar os perigos e as condicionalidades no investimento em energia nuclear e manter uma postura de vanguarda na hora de decidir qual a direção mais segura a seguir no futuro.
O lamentável episódio, que ainda não terminou de contabilizar vítimas, aumenta o debate a respeito da necessidade de se pensar em fontes alternativas de energia para o Planeta e que sejam consideradas seguras, além de limpas. Após o grave acontecimento nas usinas, países como Alemanha e Suécia já decidiram frear a expansão de seus programas e estão revisando procedimentos de segurança para que catástrofes, como o vazamento de Chernobyl, na década de 80, não se repitam.
Nos últimos anos, o Brasil conquistou uma reconhecida liderança no debate a respeito de fontes alternativas de energia e também sobre sustentabilidade, protagonizando as discussões em fóruns na ONU a respeito da redução de emissões de carbono. Para continuar trilhando um caminho de sucesso, seja em termos de reconhecimento, mas também de ações efetivas, o país não pode deixar de avaliar os perigos e as condicionalidades no investimento em energia nuclear e manter uma postura de vanguarda na hora de decidir qual a direção mais segura a seguir no futuro.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Mudança de hábitos
A implantação do serviço rápido de ônibus em Copacabana, mesmo com previsíveis falhas e ajustes, pode ser o impulso inicial da organização do selvagem trânsito carioca. No teste para melhorar o fluxo dos ônibus, estão embutidas algumas mudanças no cotidiano dos moradores das redondezas, o que acaba gerando resistências que, em parte, são motivadas por hábitos arraigados.
A proibição de pegar passageiros do lado direito da via, por exemplo, é algo corriqueiro em outros lugares da cidade, como a Avenida Rio Branco, no Centro. Mesmo não sendo sempre respeitada, ela cumpre uma função importante de evitar ainda mais congestionamentos. É um hábito que, por mais que cause estranheza no início, deve ser adotado em prol de um tráfego mais civilizado. Assim como a alteração dos pontos de ônibus, que deve ser bem sinalizada pela Prefeitura para não lesar os passageiros.
Para quem está imerso no vale-tudo das ruas do Rio, a hora é de paciência e de boa vontade, para que a adaptação possa ser completa e extensiva a outras regiões que carecem de ordenamento.
A proibição de pegar passageiros do lado direito da via, por exemplo, é algo corriqueiro em outros lugares da cidade, como a Avenida Rio Branco, no Centro. Mesmo não sendo sempre respeitada, ela cumpre uma função importante de evitar ainda mais congestionamentos. É um hábito que, por mais que cause estranheza no início, deve ser adotado em prol de um tráfego mais civilizado. Assim como a alteração dos pontos de ônibus, que deve ser bem sinalizada pela Prefeitura para não lesar os passageiros.
Para quem está imerso no vale-tudo das ruas do Rio, a hora é de paciência e de boa vontade, para que a adaptação possa ser completa e extensiva a outras regiões que carecem de ordenamento.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Impasse
O anúncio de que o governo concedeu a licença de instalação do canteiro de obras para a usina de Belo Monte trouxe à tona novamente o debate acalorado sobre o assunto. Grupos indígenas que moram no Xingu foram até Brasília entregar um abaixo-assinado contra a construção da hidrelétrica. E o Ministério Público do Pará chegou a ajuizar uma ação civil pública para anular a concessão da licença.
Apesar da pressão, o governo tem seguido em frente com o empreendimento, andando a passos vagarosos, mas constantes. O fato é que o maior projeto do PAC, um dos pontos relevantes do governo do ex-presidente Lula, divide, inclusive, ambientalistas: há quem defenda que a obra é a solução para o país continuar seu crescimento econômico, investindo em uma energia mais limpa do que seria a opção em combustíveis fósseis; e há aqueles que dizem que o impacto ambiental será enorme e não vale a pena, principalmente pelo transtorno que causará às populações indígenas e ribeirinhas.
O fato é que a questão energética é vital para o desenvolvimento do Brasil. Mas um crescimento apoiado em energias sujas, como a China, está distante de um projeto sustentável que, dadas as previsões catastróficas para o futuro, se faz mais do que urgente. É preciso que ambos os lados – governo e ambientalistas –, sem abrir mão do desenvolvimento econômico e social, escutem uns aos outros. O importante é chegarem a um consenso que não perca de vista o melhor para o país.
Apesar da pressão, o governo tem seguido em frente com o empreendimento, andando a passos vagarosos, mas constantes. O fato é que o maior projeto do PAC, um dos pontos relevantes do governo do ex-presidente Lula, divide, inclusive, ambientalistas: há quem defenda que a obra é a solução para o país continuar seu crescimento econômico, investindo em uma energia mais limpa do que seria a opção em combustíveis fósseis; e há aqueles que dizem que o impacto ambiental será enorme e não vale a pena, principalmente pelo transtorno que causará às populações indígenas e ribeirinhas.
O fato é que a questão energética é vital para o desenvolvimento do Brasil. Mas um crescimento apoiado em energias sujas, como a China, está distante de um projeto sustentável que, dadas as previsões catastróficas para o futuro, se faz mais do que urgente. É preciso que ambos os lados – governo e ambientalistas –, sem abrir mão do desenvolvimento econômico e social, escutem uns aos outros. O importante é chegarem a um consenso que não perca de vista o melhor para o país.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Lição dolorosa
Este blog, assim como as equipes do Crea-RJ, tem acompanhado de perto as recentes tragédias relacionadas às chuvas que não param de se repetir pelo Brasil. Nove meses depois do trágico desmoronamento do Morro do Bumba, em Niterói, e perto do aniversário da catástrofe de Angra dos Reis, um novo e mais grave episódio se repete, agora na Região Serrana.
Por mais que os governantes coloquem sempre a culpa nas intempéries climáticas, a palavra-chave que sempre ressoa nestas horas tão tristes é prevenção. Se existisse alguma, os prejuízos materiais seriam menores e certamente muitas vidas seriam poupadas.
O cenário de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e suas vizinhanças é desolador, e o número oficial de mortos não parou ainda de crescer. Esperemos que essas impactantes imagens gerem oportunidade para que um trabalho sério de prevenção comece a ser desenvolvido.
Por mais que os governantes coloquem sempre a culpa nas intempéries climáticas, a palavra-chave que sempre ressoa nestas horas tão tristes é prevenção. Se existisse alguma, os prejuízos materiais seriam menores e certamente muitas vidas seriam poupadas.
O cenário de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e suas vizinhanças é desolador, e o número oficial de mortos não parou ainda de crescer. Esperemos que essas impactantes imagens gerem oportunidade para que um trabalho sério de prevenção comece a ser desenvolvido.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
O Ano Internacional das Florestas
O ministério do Meio Ambiente vai enviar novamente para o Congresso a proposta de atualização do Código Florestal, que causou, no ano passado, uma grande comoção entre ambientalistas. Elaborada pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), a versão anterior trazia mudanças polêmicas, como a redução da faixa de proteção e anistia para desmatadores.
O texto que vai tramitar agora mantém a faixa de proteção permanente e cria uma versão alternativa para a anistia: agora, quem desmatou terá que negociar com as secretarias de meio ambiente estaduais a recuperação da área degradada e, quando for realizada, a multa será arquivada.
A ONU anunciou recentemente que 2011 será o Ano Internacional das Florestas. Em meio ao destaque do tema, é mais do que pertinente que o Código Florestal vigente, criado em 1965, seja de fato modernizado. No entanto, é preciso que os legisladores não façam concessões que levem a correr o risco de ameaçar os ecossistemas.
O texto que vai tramitar agora mantém a faixa de proteção permanente e cria uma versão alternativa para a anistia: agora, quem desmatou terá que negociar com as secretarias de meio ambiente estaduais a recuperação da área degradada e, quando for realizada, a multa será arquivada.
A ONU anunciou recentemente que 2011 será o Ano Internacional das Florestas. Em meio ao destaque do tema, é mais do que pertinente que o Código Florestal vigente, criado em 1965, seja de fato modernizado. No entanto, é preciso que os legisladores não façam concessões que levem a correr o risco de ameaçar os ecossistemas.