quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Balanço

O ano de 2010 foi marcante, repleto de eventos que mexeram com o cotidiano das pessoas. Desde as catástrofes como o terremoto no Chile e no Haiti, as chuvas em Angra e no Rio no começo do ano, o desabamento do Morro do Bumba, em Niterói, até a ocupação policial do Complexo do Alemão, passando pela Copa do Mundo – que, mesmo tendo terminando com a derrota do Brasil, é sempre um evento que envolve a todos.

Foi também um ano de eleições presidenciais, onde os brasileiros decidiram colocar, pela primeira vez, uma mulher no comando do país, e de dramas emocionantes como o resgate dos mineiros no Chile. E, nos últimos meses, através do site WikiLeaks, o vazamento e informações sigilosas de diplomatas vem mexendo com as relações internacionais e colocando os EUA em uma situação nada confortável, lembrando intervenções suas nos outros países.

Para o Crea-RJ, foi um ano de presença constante na vida da população fluminense - e até do país -, com atuação ativa, seja nas tragédia das chuvas, mas também de boas notícias, como a assinatura do Termo da GESPÚBLICA, e os testes finais para o Novo SISTEMA CORPORATIVO, e o recebimento em todo Sistema Confea/Crea do selo do Programa Pró-Equidade de Gênero pelas mãos da Ministra Nilceia Freire da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Em 2011, continuaremos batalhando para que a entidade possa representar não apenas os profissionais e empresas do sistema, mas sim os anseios de toda a sociedade.

Bom fim de ano!

E que 2011 traga paz, alegria e realizações a todos!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nova tentativa

Em meio a 16ª Conferência sobre Mudanças Climáticas, que está sendo realizada em Cancun, no México, a China admitiu ser o principal emissor de gás carbônico do planeta, o que foi considerado por muitos um avanço. A questão, no entanto, é que o país se recusa a aceitar limites para as emissões usando a justificativa de ser um país em desenvolvimento que precisa continuar seu crescimento econômico, enquanto os países desenvolvidos foram muito mais poluidores ao longo de sua história.

Um ano após o fracassso da Conferência de Copenhague, onde se esperava como resultado um grande acordo a respeito do tema, o evento em Cancun está impregnado de ceticismo. O fato é que a reunião de representantes de 190 países precisa superar a antecessora e ter como fruto um acordo que traga impactos políticos e metas a serem cumpridas. China e Estados Unidos, como maiores poluidores do planeta, têm um papel crucial no debate. Esperamos que seus representantes tenham a clareza de ver que o que está em jogo não são índices de desenvolvimento econômico, mas o futuro de todos nós – sejamos ricos ou pobres.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Momento decisivo

Um dos carros-chefe da campanha política do governador reeleito, Sergio Cabral, o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) está sendo posto à prova após os contínuos ataques que a população carioca vem sofrendo. Ataques a guaritas da polícia, arrastões e carros incendiados estão deixando os moradores da cidade sitiados e com medo, e têm sido traduzidos como um recado dos bandidos ao êxito do projeto.
O fato é que, desde a primeira ocupação, no Morro Dona Marta, em Botafogo, as operações policiais têm focado muito o domínio territorial, o que é importantíssimo, mas são poucas as buscas por traficantes residentes nos morros, haja vista a pequena quantidade de presos e apreensões nestas operações.

É fato que os bandidos que não estão sendo alcançados irão, de alguma forma, “revidar” pelos prejuízos impostos. Portanto, está na hora de o governo, que teve reeleição acachapante, implantar de forma mais ampla a sua política de segurança pública, impedindo esses ataques que têm causado o medo entre os cidadãos que precisam se deslocar para o trabalho ou o lazer, sem deixar que os benefícios sociais alcançados nas comunidades antes marginalizadas sofram retrocessos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O arquiteto, Oscar Niemeyer cede entrevista para o Crea-RJ

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mudanças necessárias

A tentativa de moralização do trânsito da cidade pelo prefeito Eduardo Paes pode ser o início da organização do caótico cotidiano carioca, mas apenas se for realizada de forma séria e ordenada. A implantação do Bilhete Único Carioca (BUC) e a mudança nas linhas de ônibus devem levar em consideração o interesse dos passageiros, e não das empresas do setor.

A Zona Oeste é uma das regiões mais prejudicadas quando se trata de transporte público e um retrato da bagunça que impera na cidade. Vans irregulares e linhas de ônibus escassas já fazem parte da rotina. Por isso, é muito importante que os moradores desta região sejam servidos de forma mais efetiva. São constantes as reclamações de que a duração do bilhete não comporta o tempo que os moradores levam para retornar de certos destinos, como o Centro.

Cabe ao prefeito abrir os olhos e ouvidos para a população e fazer o que todos esperam dele: atender às necessidades dos cariocas.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Boa notícia

Foi realizada até dia 29 de outubro em Nagoya, no Japão, a 10ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). A convenção é um tratado internacional, feito em 1992, que promove a conservação e o uso sustentável da biodiversidade do planeta. A COP-10 era a reunião mais importante deste evento e terminou de maneira inesperada: com sucesso.

Após o fracasso da Conferência de Copenhague no ano passado, o temor era de que o impasse e a falta de acordo se repetissem. Um dos temas mais inflamados é a regulamentação de um protocolo de um regulamento para a exploração comercial de recursos genéticos, assunto especialmente caro ao Brasil – um dos países com maior biodiversidade do planeta. A ideia desta regulação seria garantir que os lucros obtidos com estes recursos sejam partilhados pelo país de origem da espécie e com as populações tradicionais que podem ter contribuído para a pesquisa.

Os 193 países, felizmente, chegaram a um consenso e aprovaram um pacote de medidas para frear o crescente ritmo de destruição da biodiversidade. Entre elas, a criação de um protocolo internacional de regras sobre o uso de recursos genéticos de plantas, animais e micro-organismos. Além do protocolo, incluiu-se também um plano estratégico de metas globais de biodiversidade para o período 2011-2020 e um novo mecanismo financeiro projetado para apoiar o cumprimento dessas metas.

Não são metas perfeitas, mas sua grande qualidade é que são viáveis. Agora, as nações devem trabalhar para que o acordo político seja de fato cumprido e não caia no descrédito, a exemplo do Protocolo de Kioto.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da teoria à prática

Enquanto aguardamos o acirramento dos ânimos na disputa presidencial, que só se definirá no fim do mês, os fluminenses já decidiram sua preferência no primeiro turno, reelegendo Sergio Cabral com uma porcentagem bastante expressiva.

Dentre as suas principais metas, as áreas de saúde, segurança, transportes e meio ambiente são as de destaque. Erradicação dos lixões, investimentos para terminar a linha 4 do metrô, pacificação das favelas, reformas de hospitais e a preparação adequada para receber a Copa do Mundo são apenas alguns dos exemplos do rol de promessas.

Espera-se que estes desafios (que são todos enormes e demandam muito investimento e vontade política) se concretizem.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mudança de mentalidade

Foi comemorado, na última quarta-feira, o Dia Mundial Sem Carro. Trata-se de uma iniciativa global criada na França, em 1998, em que várias cidades do mundo estimulam seus habitantes a deixarem os veículos na garagem em prol do meio ambiente. Apesar do aparente fracasso, já que, além da proibição de estacionar em algumas ruas do Centro do Rio, não foi detectada uma redução significativa na quantidade de carros nas ruas, a data serve para nos lembrar a importância cada vez maior da racionalização do trânsito e do investimento maciço em transporte público.

Afinal, de que adianta incentivar o uso de bicicleta para os afazeres diários se não há ciclovias suficientes, que interliguem a orla aos demais espaços da cidade, muito menos bicicletários seguros para os que já aderiram? Como pedir para as pessoas deixarem o carro em casa se o nosso transporte de massa é precário, sem rapidez e sem conforto? As linhas do metrô trafegam sobrecarregadas e possuem uma malha pouco inteligente e integrada, encarecendo o percurso. Os trens continuam sem conforto, lotados, com estações precárias. Quanto aos ônibus, nem se fala. Responsáveis por levar a esmagadora maioria dos passageiros numa cidade tropical e engarrafada, são o sinônimo de que o Rio continua refém do atraso na área de transportes.

Os brasileiros, em geral, acham que carro é sinônimo de status. É preciso mudar essa mentalidade e fazer a população compreender que uma cidade melhor é uma cidade que aposta em transporte coletivo eficiente e confortável, como numerosos casos de sucesso já demonstraram nas metrópoles mundo afora. É hora de batalharmos mais por isso.

Boas notícias

O planeta recebeu duas boas novas. A British Petroleum anunciou que, nos próximos dias, o poço auxiliar que está perfurando deve selar definitivamente o foco do vazamento de petróleo. Depois de quase causar a falência de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, e comprometer o ecossistema da costa americana, o vazamento, que começou em abril deste ano e já é considerado um dos maiores da história, parece se encaminhar para um final que, pelo tamanho da catástrofe, serve de lição para todo o mundo.

Já o temido buraco na camada de ozônio, que tanto apavorou a população mundial nos últimos anos, estagnou. Cientistas da Organização Mundial de Meteorologia e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente divulgaram um estudo que mostra que a camada que protege a Terra dos perigosos raios solares ultra-violetas deve se recuperar totalmente em meados deste século, excetuando-se a área dos pólos, onde a recuperação será um pouco mais longa. É um assunto que ainda tem controvérsias, mas não deixa de trazer alguma esperança.

As duas notícias mostram que o esforço conjunto pode fazer a diferença e que, se fizermos a nossa parte, será possível garantir por mais tempo condições de vida com qualidade às futuras gerações.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Novos rumos

Terminou no último sábado a 67ª Semana Oficial da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, realizada este ano em Cuiabá. Com o tema “Construindo uma agenda estratégica para o sistema profissional”, o encontro proporcionou um importante debate a respeito dos novos rumos das profissões e da importância estratégica que elas detém no atual cenário de desenvolvimento econômico.

O resultado do encontro foi arduamente debatido na primeira fase da 7º Conselho Nacional de Profissionais, também encerrada no último sábado em Cuiabá. A segunda fase está marcada para novembro, em Brasília, quando as decisões serão aprovadas. A cada ano, as trocas de experiências e as intensas discussões fazem com que eventos desta natureza sejam cada vez mais importantes, ao unir diferentes visões dos membros das classes profissionais e de pessoas oriundas de todo o país, o que contribui para que suas entidades representativas consigam refletir as principais tendências e deem conta dos principais desafios de cada categoria.

O desenvolvimento do Brasil nos últimos anos projeta PIBs de 6 ou 7% ao ano, para o futuro próximo, podendo atingir patamares mais elevados. As profissões da área tecnológica, destacadamente a engenharia, passam a ocupar papel central com as grandes obras. O Sistema Confea/Creas tem, portanto, que se modernizar e acompanhar o ritmo de mudanças da sociedade brasileira.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Momento de decisão

O IBGE divulgou amplamente na semana passada o resultado da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada em 2008. Um dos dados mais importantes foi o fato de que praticamente metade dos brasileiros ainda vive sem rede coletora de esgoto. A situação fica mais complicada nos estados mais pobres, como por exemplo o Piauí, que tem apenas 4,5% dos seus municípios com saneamento básico. Mesmo aqui no Sudeste, região mais rica do país, os números não são muito animadores: no Rio, só 49,2% das moradias possuem rede de esgoto.

Nesta mesma semana, o banco Goldman Sachs anunciou previsões para as próximas décadas em que o Brasil salta da oitava para quinta maior economia do mundo. Em tempos de acirrada disputa eleitoral, cabe aos cidadãos lembrarem destas informações – que representam tão bem a nossa ainda enorme desigualdade social – na hora de apertar o botão verde na urna eletrônica e decidir qual será o futuro de nosso país.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os dois lados da moeda

Começamos a semana com a triste notícia de um grande vazamento de óleo na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Ver as fotos do mar transparente tingido de negro nos faz lembrar a importância da preservação do meio ambiente nas áreas de grande exploração de petróleo em águas profundas e de seus perigos – que se escondem não apenas na extração e nas plataformas, mas também no transporte em navios.

Ao mesmo tempo, especialistas calculam que a exploração nas camadas do pré-sal deve trazer cerca de 20 bilhões de dólares em investimentos, sendo o Rio um dos lugares que mais irá se beneficiar. Portos, estaleiros, aeroportos e outras atividades ligadas à indústria petrolífera receberão uma injeção de dinheiro como há muito não se via.

Na previsão mais otimista, todos estes investimentos – sejam privados ou públicos – darão ao estado a oportunidade de um grande desenvolvimento econômico e deixa como legado uma infraestrutura apropriada para dar continuidade a esse crescimento no futuro. Mas, mesmo sabendo que a Petrobras está mais do que preparada, devemos lembrar que há numerosas outras empresas atuando na costa brasileira e não podemos descartar o risco ambiental que uma exploração abaixo da superfície marinha pode trazer, além dos impactos nas cidades, estradas e na poluição atmosférica.

Neste contexto, devemos aguardar sabedoria dos governos em todas as esferas para aproveitar este momento tão importante para o estado, e também um rigor ímpar nas fiscalizações, com destaque para os órgãos reguladores. A maior beneficiada da transformação que está por vir deve ser sempre, acima de qualquer outra, a sociedade.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Direção perigosa

A Câmara dos Vereadores do Rio está finalizando a discussão sobre o novo Plano Diretor da cidade. E os jornais já informaram que o artigo que menciona a preocupação com o aquecimento global nas medidas relacionadas ao uso e ocupação do solo foi excluído de emendas propostas, o que preocupa ambientalistas e especialistas em planejamento urbano.

Por ser uma cidade litorânea e tropical, é certo que o Rio enfrentará, nos próximos anos, as consequências do aumento da temperatura do planeta. Uma delas, já previstas pelos cientistas, é a elevação no nível do mar. Por isso é muito importante que o Plano Diretor (que estabelece regras para o desenvolvimento urbano do município) leve em consideração esta e diversas outras questões ambientais.

O uso e a ocupação do solo são dois dos principais problemas enfrentados nas grandes metrópoles do país e do mundo. É com um sério planejamento urbano e habitacional que poderemos transformar o Rio em uma cidade sustentável, proporcionando melhor qualidade de vida para seus moradores e visitantes. Ainda estamos distantes de realizar este objetivo, mas esperamos que os vereadores tenham seriedade e sabedoria o suficiente e aprovem um plano apropriado aos nossos desafios presentes e futuros.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Prioridades

O governo divulgou esta semana o edital para a licitação do trem-bala, que deverá ligar o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas, passando pelos principais aeroportos do país. A obra, orçada em cerca de R$ 33 bilhões, precisa ficar pronta a tempo do início dos Jogos Olímpicos de 2016. No edital, o governo exige que parte da tecnologia empregada pelo consórcio vencedor seja brasileira, e que o percentual da utilização aumente ao longo do tempo de concessão - quem vencer o leilão irá não somente construir, mas operar o trem-bala pelos próximos 30 anos.

A construção de um Trem de Alta Velocidade (TAV) tem uma série de vantagens. Uma delas é o fato de interligar os aeroportos de mais movimento do Brasil e, com as estações intermediárias nos estados do Rio e de São Paulo, levar desenvolvimento a regiões intermediárias. Os principais países desenvolvidos do mundo possuem este modelo de transporte, que é uma alternativa mais barata à aviação, por exemplo. A previsão é de que o preço médio da passagem econômica seja de R$ 199, e a duração da viagem deve ser de cerca de uma hora e meia.

O alto valor do investimento e a quantia considerável de dinheiro público – o BNDES irá financiar quase R$ 20 bilhões – nos fazem refletir sobre a importância de uma fiscalização séria de uma obra como esta, e também da necessidade crescente de investimentos no transporte público. Quanto mais as metrópoles crescem, mais é preciso pensar em alternativas que privilegiem o coletivo, sob pena de, em poucos anos, nossas maiores cidades entrarem em colapso. Transporte individual é sinônimo de conforto para poucos, poluição e congestionamento; pensar em transporte coletivo é pensar em organização, sustentabilidade e conforto para muitos, com consequente desenvolvimento econômico e social.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A vitória necessária

Poucos eventos mobilizam tanto os brasileiros quanto a Copa do Mundo. Arriscaria dizer, inclusive, que o campeonato é a síntese da união do país em prol de um único objetivo: torcer pela vitória. Mas, enquanto todos estão com a atenção voltada para o que acontece quando a bola rola, não devemos esquecer a preparação para a Copa que acontecerá aqui no país daqui a exatos quatro anos.

A organização de um evento deste porte por um país em desenvolvimento deve ser acompanhada de perto pelo Brasil, uma vez que a próxima sede somos nós e a Copa não é realizada na América do Sul desde 1978, quando foi recebida pela Argentina. A festa sul-africana, até agora, sofreu alguns percalços, como o roubo no hotel de alguns jornalistas brasileiros e o assalto a jornalistas portugueses, em que os ladrões foram rapidamente localizados e presos. O maior problema enfrentado pelo público local e os turistas é a precária rede de transporte público, praticamente inexistente.

A Fifa anunciou há poucas semanas que o estádio do Morumbi está descartado do projeto para 2014, já que os paulistas decidiram dizer “não” ao projeto milionário aprovado pela entidade e propuseram outro com orçamento equivalente menos da metade do valor inicial. Caso São Paulo não acene com outra alternativa, a maior cidade do país ficará de fora do maior evento que o Brasil já sediou, o que seria uma perda. E o Morumbi, mesmo que, com sua reforma reduzida, seja aceito pela FIFA, não seria para abertura ou encerramento da Copa.

Enquanto isso, o Rio luta para organizar sua malha de transporte público e, depois de demonstrações de bom senso, a Prefeitura decidiu mudar de opinião e será responsável pelo redesenho das linhas de ônibus – anteriormente as próprias empresas interessadas apresentariam as propostas de solução. O cronograma de obras do Maracanã está atrasado, e como dito anteriormente, a infraestrutura dos aeroportos foi considerada extremamente longe das necessidades em estudo realizado pelo Ipea.

Infelizmente, a seleção foi eliminada nas quartas de final e toda a nossa festa ficou para a próxima competição. É importante usarmos este poder de mobilização não apenas para comemorações e torcidas, mas para lutar pela solução dos graves problemas que comprometem o nosso desenvolvimento enquanto cidade, estado e país.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Para ficar de olho

A Câmara dos Deputados adiou para a próxima semana a votação para a reforma do Código Florestal, legislação que, como o nome explica, cuida das nossas ricas flora e fauna. A mudança flexibilizaria a demarcação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), permitindo que cada estado possa regulamentar as suas, além de anistia para quem desmatou até 2008. Muitos ambientalistas são contrários à alteração, uma vez que ela diminuiria a proteção atual das florestas.

O debate ainda vai perdurar. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou recentemente que irá apresentar sugestões ao relator Aldo Rebelo, uma vez que considera que as atuais mudanças prejudicariam, inclusive, as metas de redução de monóxido de carbono com as quais o Brasil se comprometeu ano passado, em Copenhague.

O que é consenso entre todos os lados da história é que a legislação atual precisa ser aperfeiçoada. O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, e não é de hoje que se sabe que a floresta em pé é um dos mais valiosos patrimônios que uma nação deve ter e preservar. É preciso que estas mudanças sejam feitas ouvindo os diversos atores envolvidos, e todos devem ter em mente que o que está em jogo é o futuro do nosso país. Não podemos permitir que grandes proprietários preocupados apenas com os resultados da produção agrícola ganhem uma lei mais branda no que se refere ao desmatamento, assim como não podemos onerar o já tão sofrido pequeno produtor, que luta para manter sua sobrevivência. E muito menos que a nossa já alta taxa de desmatamento, mesmo apresentando sinais de melhora, continue.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Gargalos

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou na semana passada, sob protestos do Ministério da Defesa, um estudo onde revela que ao menos oito das 12 cidades que receberão a Copa do Mundo de 2014 estão com seus aeroportos trabalhando no limite de sua capacidade máxima, ou beirando o colapso. Um dos casos mais graves é o do aeroporto de Manaus, cuja capacidade para pousos e decolagens simultâneos nos horários de pico é de nove pedidos, mas atende a 17, quase o dobro do que suportaria. Os aeroportos paulistas de Congonhas e Guarulhos têm desempenho semelhante: no primeiro, a capacidade é de 24 pedidos de pousos e decolagens, mas o fluxo é de 34 pedidos; no segundo, o limite é de 53 pedidos, mas são realizadas 65 operações.

Uma das conclusões do estudo é de que a evolução do transporte aéreo brasileiro encontrou diversos obstáculos para chegar ao atual estágio alarmante. Os problemas, segundo o Instituto, são de ordem “institucional, legal, infraestrutural e operacional”. Em outras palavras, não houve uma política séria no Brasil para desenvolver e equipar seus aeroportos, nem um planejamento de longo prazo para o setor. E o temor agora é como o país será impactado com o forte aumento de demanda por causa dos eventos de peso que vamos sediar nos próximos anos. Segundo o Ipea, o Brasil não tem políticas consistentes na área e precisa de uma definição clara de estratégias para a aviação brasileira para as próximas décadas, além de regras para a regulação econômica que orientem o mercado.

Recentemente, a prestigiosa revista britânica “The Economist” deu um sinal de alerta para o otimismo que atualmente acompanha a imagem do país no exterior por conta de seu novo posicionamento global, representado pela crescente importância da diplomacia verde e amarela. A reportagem lembra que, diferentemente da China, nós temos diversos gargalos de infraestrutura que podem prejudicar o crescimento e serem um obstáculo ao desenvolvimento do país. Do outro lado, temos o pré-sal, imensa riqueza fruto de estudos e planejamento estratégico que as empresas estatais, diferentemente dos poderes públicos, fizeram questão de preservar e desenvolver como ferramenta essencial de trabalho visando o futuro.

A situação dos aeroportos é só um exemplo de como podemos tropeçar e, para isso não acontecer, é preciso antecipação, cautela, capacidade operacional e executiva, ao lado do planejamento de médio e longo prazo na elaboração de políticas públicas.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Risco calculado

Uma das maiores tragédias ambientais dos Estados Unidos acaba de completar um mês: o derramamento de óleo no Golfo do México, causado pela explosão de uma plataforma, ainda não conseguiu ser contido nem pelo governo americano, nem pela British Petroleum (BP), empresa responsável pelo desastre. Segundo o governo, apenas a companhia tem tecnologia suficiente para tapar os vazamentos do poço de petróleo, que já jorraram milhões de litros no mar.

O óleo já se espalhou por mais de 90 quilômetros do ponto onde começou a vazar, comprometendo um dos principais ecossistemas norte-americanos e o período de pesca, que se inicia nesta época do ano, o que põe em risco a sobrevivência e o abastecimento de centenas de milhares de pessoas. O grave acidente aconteceu justamente na época em que o presidente Barack Obama estava prestes a autorizar uma expansão controlada das plataformas na costa do país, de forma a conquistar seus oponentes republicanos para mudanças da legislação ambiental.

Por aqui, a nossa legislação ambiental é considerada uma das mais avançadas do mundo, apesar de, às vezes, ser pouco aplicada. Com a exploração de petróleo sendo feita basicamente em águas profundas – e a descoberta do pré-sal nos leva a mergulhar cada vez mais em busca do “ouro negro” -, a tragédia americana nos faz lembrar o quão arriscada é toda a operação de extração de petróleo do oceano, que ainda guarda uma misteriosa quantidade de espécies e é parte fundamental para a manutenção da vida na Terra.

A grande quantidade de plataformas no nosso litoral também não nos deixa esquecer a necessidade de se regulamentar os royalties pagos aos estados produtores, uma vez que, como ficou provado neste triste acontecimento, eles são os locais mais suscetíveis a grandes prejuízos ambientais.

O petróleo ainda é a principal fonte de energia do mundo e é apresentado como a verdadeira causa de guerras dissimuladas por outras razões, a exemplo da invasão e guerra no Iraque. O ex-presidente americano, George W. Bush, chegou a dizer, em certa ocasião, que somos todos “viciados” no combustível fóssil. Enquanto não se encontram alternativas à altura, e o petróleo se mantiver como o principal motor do desenvolvimento da Humanidade, eventos como o da tragédia do Golfo do México servem de alerta para continuarmos a proteger a nossa biodiversidade e a saúde do nosso planeta de ações humanas predatórias.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Primeiros passos

Nas últimas décadas, o Rio perdeu o bonde da história na solução do transporte público ao desprezar o transporte sobre trilhos: trens e metrô.
Agora, o recente anúncio pelo prefeito Eduardo Paes da construção de uma linha expressa ligando a Barra da Tijuca a Deodoro, batizada de TransOlímpica, traz alguns ventos positivos para aqueles que torcem que as prometidas melhorias no trânsito e no transporte do Rio saiam do papel. Sem ver uma grande obra viária há mais de dez anos – a última foi a Linha Amarela -, a cidade convive hoje com vias saturadas e congestionamentos que não param de crescer, trazendo os mais diversos transtornos para a vida do carioca.

Depois da habitação, o trânsito e o transporte público estão entre os mais graves problemas enfrentados pelo Rio. Não há cidade desenvolvida no mundo que não conte com um eficiente sistema de transporte. E para chegarmos lá, são necessários investimentos pesados. A iniciativa de começar as obras não só da TransOlímpica, mas também da TransOeste (ligando a Barra a Santa Cruz) e a TransCarioca (Barra-Penha, já com obras atrasadas) é o começo de uma ação que, caso tenha prosseguimento, pode ser fundamental para 2016.

Existem algumas outras importantes ideias ainda a serem executadas. Como parte do projeto olímpico, há a intenção de se construir a linha de metrô que ligará a Barra à Zona Sul, o que é essencial como parte de um sistema metroviário, hoje ainda incipiente e problemático. O trem-bala, que integraria o Rio a São Paulo com conexões nos principais aeroportos do país: Galeão (RJ), Congonhas (SP), Cumbica (Guarulhos) e Viracopos (Campinas) é um sonho tecnológico caro. Todos eles dependem da conclusão de estudos detalhados de engenharia e de muito, muito dinheiro. Além destes, há ainda o projeto de revitalização da Região Portuária do Rio, que traria um grande dinamismo social e econômico para uma área degradada há décadas.

Muitos projetos do passado – como a rede do metrô e os corredores viários “coloridos” – ficaram no papel. Mas, com a reunião de intenções, parcerias, recursos, poder público e pessoas dispostas, é possível concretizar o sonho de termos o Rio que nós merecemos.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Puxão de orelhas

Na semana passada o Brasil passou por um momento bastante embaraçoso ao tomar um pito do secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, por causa do atraso no andamento das obras para a Copa do Mundo de 2014. Das 12 cidades-sede escolhidas para o evento, seis ainda nem começaram as obras, cujo início estava previsto para a última segunda-feira. Valcke chegou a ironizar a postura brasileira de adiar os prazos combinados, dizendo que estamos esperando o carnaval e as eleições passarem para os projetos começarem a andar.

Tudo isso em meio ao rescaldo doloroso de tragédias provocadas pelas chuvas no Rio e em Santa Catarina, além de outros estados, que acontecem praticamente todos os anos, sem solução! Prefeituras, governos e o Comitê Olímpico Brasileiro apressaram-se em apresentar justificativas para atrasos e problemas, mas a verdade é que o secretário-geral está certo. A Fifa ameaça o país com a retirada da sede daqui, caso os cronogramas sejam novamente desrespeitados, coisa que nunca aconteceu antes na história do mundial. Londres seria o plano B – não é para menos, uma vez que a capital inglesa está, exemplarmente, com todas as instalações esportivas e infraestrutura prontas para os próximos Jogos que receberá com dois anos de antecedência.

Na prática, não devemos passar por esse vexame avassalador. A menos de dois meses de seu início, a África do Sul enfrentou os mais diversos problemas para receber a Copa, incluindo greve dos trabalhadores das construções. O cronograma começou atrasado como está o nosso, e sob os olhares atentos da federação do futebol, o evento vai acontecer. O que não pode, porém, é os nossos governantes relaxarem com esta perspectiva e não cumprirem o que foi assinado em 2007.

Como já disse inúmeras vezes aqui no blog, faltam às autoridades competentes o comprometimento sério com o planejamento. Há muito trabalho pela frente, e se as mediocridades políticas e a burocracia forem postas de lado, tenho convicção de que podemos oferecer um dos maiores espetáculos já vistos. A Copa, assim como as Olimpíadas, são uma grande oportunidade de crescimento e visibilidade para o país e para o Rio de Janeiro. Não deixemos essa oportunidade passar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Debate necessário

O leilão para escolher o consórcio que vai ser responsável pela construção da usina de Belo Monte, no Pará, foi realizado após muita polêmica e algumas reviravoltas. Após a desistência de um dos dois grupos interessados em participar dos lances ter desistido de participar dos lances, o governo deu uma força, incluindo nos consórcios algumas de suas estatais ligadas ao setor energético. Enquanto isso, foram realizados diversos protestos contrários à usina, além de uma intensa guerra de liminares que chegou até a tentar barrar o anúncio do grupo vencedor. Não foi fácil!

A polêmica em torno da construção da hidrelétrica, que deverá ser uma das maiores do mundo, levanta a discussão a respeito do embate entre o crescimento econômico e a preservação ambiental. Em reportagem publicada recentemente, especialistas afirmam que as usinas avançam cada vez mais nos reservatórios da Amazônia, um dos maiores mananciais do planeta. Há, inclusive, estudos sendo feitos para mapear bacias que possam ser exploradas. E que, a continuar desta forma, nosso potencial hidrelétrico poderia ser esgotado em cerca de 15 anos.

O debate entre o crescimento e a preservação não deve ser feito como se os dois conceitos estivessem em lados opostos. Belo Monte, que começará a sair do papel, pode trazer impactos importantes para a população indígena do Pará, afetando o curso e a vazão do Rio Xingu. Encontramo-nos, porém, em uma encruzilhada, uma vez que as opções possíveis são bem mais devastadoras, como termelétricas a óleo e carvão. Além disso, a sombra dos apagões que há cerca de oito anos paralisaram o a população e a economia do país estão latentes em nossa memória. Dada a importância da discussão sobre modelos energéticos para o futuro do Brasil, esta é uma excelente oportunidade para se pensar em novas alternativas que levem em conta a importância do progresso sustentável, para que o país não tenha que voltar à luz de velas.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Bomba-relógio

A destruição deixada por um dos maiores temporais já vistos no Rio de Janeiro ainda está sendo contabilizada. Foram cerca de 150 pessoas mortas (e o número não para de crescer), casas destruídas, desabamentos, vias interditadas, corte no abastecimento de luz e nas linhas telefônicas. A cidade do Rio e, principalmente, Niterói ainda sofrerão nas próximas semanas as consequências da devastação. As famílias afetadas talvez nunca se recuperem. E, em meio ao caos, a justificativa é a mesma de sempre: foi uma intempérie, uma chuva atípica e coisas semelhantes.

Chover em apenas um dia o esperado para o mês inteiro certamente abala as estruturas de qualquer cidade do mundo, mas a catástrofe que presenciamos esta semana é o resultado típico do descaso das gestões com a população fluminense, nas últimas décadas. A falta de verbas para prevenção de enchentes, a total ausência de um plano de emergência, a falta de planejamento e de ações efetivas contra o crescimento urbano desordenado e a proliferação de moradias em áreas de risco são os verdadeiros culpados de mais uma tragédia que se abate sobre o nosso estado. E essa não é nem a primeira a ser enfrentada em 2010, ano que começou carregado de problemas, como o deslizamento em Angra dos Reis, no réveillon, e posteriormente com a enchente que castigou a Baixada Fluminense.

Avisos não faltam. A natureza avisa a todos, todos os anos. Falta vontade política para interferir em um dos principais problemas do Rio de Janeiro, a habitação. É preciso pensar em políticas públicas sérias (e aplicá-las) para que todos tenham direito a uma moradia digna, em local seguro, e não arrisquem suas vidas em encostas, à beira de rios, em cima de lixões desativados, como o caso do Morro da Bumba, em Niterói. É preciso que esse sistema também pare de alimentar currais eleitorais, e que essas pessoas já tão sacrificadas não sejam vistas apenas como massa de manobra política a cada quatro anos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Buscando soluções

Pela primeira vez no Brasil, o Fórum Urbano Mundial das Nações Unidas, encerrado no último dia 26, foi uma grande mesa de debates a respeito de um dos problemas mais urgentes enfrentados no mundo de hoje: a urbanização desordenada e seus impactos políticos, ambientais e econômicos na sociedade. O tema do evento deste ano, em sua quinta edição, foi “O direito à cidade: unindo o urbano dividido”.

O assunto é amplo e especialmente sensível aos moradores do lugar que recebeu a já famosa alcunha, dada pelo jornalista Zuenir Ventura, de “cidade partida”. O Rio que conhecemos hoje enfrenta sérios problemas de urbanização, vide a favelização crescente, diretamente relacionada a outras questões, como a ambiental (despejo de lixo em encostas, desabamentos; desmatamento, etc) e a de infraestrutura (a falta de transporte público eficiente e os recentes problemas enfrentados pela população no abastecimento de luz e água).

Esta mesma cidade partida, eleita para receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, precisa se reinventar a tempo das competições. E o Crea-RJ é uma das entidades que fazem fiscalizações preventivas nos estádios esportivos. Na mesa “Desafios brasileiros para a Copa do Mundo de 2014”, pude dar a minha contribuição para o tema, afirmando que o nosso grande obstáculo para a concretização de todas as ações que precisam ser feitas é a falta de planejamento. Mas, se conseguirmos mudar essa nossa postura, a festa esportiva será um excelente momento para transformar a infraestrutura da cidade de forma sustentável e também trazer oportunidades de investimento e emprego.

Precisamos contar não só com as instituições, que devem ser fortalecidas, mas também com a sociedade civil, que deve participar do processo, inserida em decisões estratégicas, como orçamentos, planos diretores, projetos de larga escala, megaeventos, melhorias de áreas degradadas e a preservação do meio ambiente. Desta forma, construiremos uma cidade, e por que não dizer, um país melhor e mais digno.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Fonte de vida... e de problemas

O mundo celebrou na última segunda-feira o Dia Mundial da Água, quando foi mais uma vez lembrada a importância de se preservar este bem tão precioso. Segundo relatório divulgado na data pelas Nações Unidas, a água poluída mata mais do que a violência em todo o mundo. Nem as guerras fazem tantas vítimas quanto as doenças decorrentes do contato com água contaminada.

De acordo com o documento, os principais vilões são a falta de tratamento do esgoto, despejado em rios e mares in natura, principalmente nos países em desenvolvimento, além da poluição industrial, dos pesticidas agrícolas e dos resíduos animais. Todos esses venenos matam milhares de crianças e geram terríveis impactos ambientais, prejudicando a biodiversidade.

A disputa pela água foi uma das razões que deflagraram a Guerra dos Seis Dias, que envolveu a Síria, o Egito e a Jordânia contra Israel, em 1967. E, volta e meia, surge como pretexto para ameaças entre os países do Oriente Médio. Naquele árido pedaço do mundo, onde a água é escassa e vale tanto quanto o petróleo, o controle dos reservatórios é peça importante na geopolítica. E, quanto mais o tempo passa, essa importância aumentará, uma vez que a água é um recurso natural, que se escasseia cada vez mais em muitas regiões do planeta.

O Brasil tem uma posição bastante privilegiada quando falamos desta riqueza. Somos donos de um dos maiores reservatórios de água potável do mundo, o que pode trazer para o nosso país muitos benefícios e também conflitos. É preciso traçar estratégias não somente no que tange à preservação dos nossos rios e do oceano que banha nosso vasto litoral, mas também produzir campanhas consistentes contra o desperdício de água e estabelecer metas agressivas para que o saneamento básico atinja a totalidade da população. Também é necessário fiscalizar quais impactos o nosso modelo energético, baseado em hidrelétricas, traz para a distribuição de água ao desviar o curso de rios e construir barragens. Mais uma vez, o tempo é curto e as medidas a serem tomadas são muitas.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Oito ou 80

A disputa pelos royalties do petróleo tem tomado o noticiário e recentemente ganhou contornos, digamos, mais dramáticos, inclusive com o choro do governador do Rio na televisão. De fato, caso a proposta do deputado federal Ibsen Pinheiro seja aprovada sem restrições no Senado, nosso estado terá uma queda brusca na arrecadação. Já se fala, inclusive, em ameaça aos Jogos Olímpicos e à Copa do Mundo por causa de uma futura falta de verbas para as tão necessárias obras de infraestrutura.

Está previsto na Constituição brasileira que os estados produtores de petróleo recebam uma compensação financeira por conta dos impactos que a exploração do combustível fóssil causa. É só lembrarmos dos graves derramamentos de óleo que já tivemos na Baía de Guanabara. Por estas e outras, ao menos na última década, o estado tem recebido uma expressiva quantia em dinheiro. Os críticos podem dizer que há equívocos na aplicação dos royalties, mas o fundamental é que a lei tem sido respeitada.

A atual proposta em tramitação no Congresso muda o peso desta compensação e é absolutamente descabida. Uma descoberta de vulto como as enormes reservas de petróleo do pré-sal mudará a posição do Brasil dentre os países produtores nos próximos anos, e certamente merecia um novo marco regulatório. Entretanto, as novas regras prejudicam muitíssimo o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, principalmente. Apesar de achar que houve um certo radicalismo do Rio na primeira rodada de negociações - que previa a redistribuição apenas dos ganhos obtido pelo pré-sal -, não é justo que nós percamos uma fatia tão expressiva da nossa participação, correndo o risco de levarmos o estado a uma situação crítica.

Se o Rio não deve ficar sozinho com as receitas geradas em seu território, deixando de beneficiar os demais estados do país, também não deve ter suas finanças abaladas da forma radical como estão propondo. É preciso que haja um meio termo, onde o estado não perca o que já conquistou nem o restante do país fique com as mãos abanando. O ideal, creio, seria manter a distribuição anterior, mas com os royalties do pré-sal sendo divididos nacionalmente e os estados produtores recebendo uma fatia a mais. Espero que, depois desta veleidade elaborada pela Câmara, os senadores tenham a sensibilidade em corrigir as distorções do atual projeto de lei.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Troca de experiências positiva

Estive na última semana de fevereiro em Brasília para o 5º Encontro de Lideranças, que se configurou como um dos maiores eventos do sistema Confea/Crea dos últimos anos. Participaram cerca de 400 lideranças de diversas partes do país, além de diversas autoridades, como os ministros do Esporte, Orlando Silva, o presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, Carlos Ayres de Britto, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em uma troca de experiências bastante positiva e enriquecedora para os grandes debates em pauta na sociedade.

Uma das ações que destaco como fundamental foi o lançamento do Movimento de Combate à Corrupção na Área de Engenharia, que tem como objetivo identificar indícios de corrupção nas áreas pública e privada. Sabemos que há diversos casos de problemas em licitações de grandes obras públicas e, para que possamos batalhar por mais transparência e restringir os escândalos como os que ocorreram nos Jogos Pan-Americanos e Cidade da Música, por exemplo, o envolvimento dos profissionais do sistema que atuam nesta esfera é muito importante.

Também participei de uma mesa de debates com o ministro Orlando Silva, dos Esportes, para discutir o andamento dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016. O diagnóstico não foi dos melhores: já estamos atrasados para resolver os principais problemas apresentados no projeto que ganhou o sonho olímpico. E um dos principais fatores que contribuem para isto é a falta de um planejamento consistente. Será preciso um grande esforço em conjunto de todas as esferas do governo e da iniciativa privada para podermos tirar do papel as soluções para a cidade e o estado.

Por fim, destaco que o Crea-RJ teve, mais uma vez, uma participação bastante efetiva em diversas áreas. Nossa bancada falou com diversos deputados defendendo os interesses da engenharia, arquitetura, agronomia e as demais profissões, além dos profissionais do sistema. No término do evento, grande parte das propostas foi encaminhada para o Congresso Nacional. Acreditamos que os frutos deste encontro tão importante serão brevemente colhidos.

Agradecimentos

Gostaria de deixar o meu sincero agradecimento a todos que interagem e deixam comentários no blog. Infelizmente, não é possível publicar todos. Selecionei abaixo alguns que tratam de diferentes temas. Espero sempre contar com a participação de vocês.

“Olá Agostinho, realmente concordo com tudo que escreveu. O povo trabalhador desta cidade sofre com isto. Tenho passado situações extremamente desagradáveis. Não sei se nesta visita vocês foram até a Baixada de trem. É muito sofrimento para nosso povo trabalhador. Nas próximas pesquisas que vier fazer sobre Qualidade de Vida adotarei mais este Indicador, ou seja, Sistema de Transporte da localidade em questão.”

“Parabéns pelo ingresso do Crea na discussão dos problemas que castigam o cidadão da região metropolitana do Rio. No entanto, o descaso das autoridades públicas ao longo dos anos acarretou o que estamos vivenciando nos transportes públicos, especialmente no Metrô, trens e nas barcas. A tese dos liberais da privatização dos serviços públicos se mostrou inadequada. É evidente que passa pela ampliação das linhas de Metrô, trens e barcas. É urgente uma campanha para investimentos "pesados" no transporte público e de massa. Do contrário estaremos "chovendo no molhado" e a população sofrendo para se deslocar.”

“Prezado Agostinho,
O problema das torcidas organizadas há muito deveria ter sido solucionado pelas autoridades. Mas em nada espanta essa morosidade. Não se cobram, ou fiscalizam, os projetos, a execução e a manutenção dos gramados esportivos, para prática do futebol, que, aliás são atribuição nossa, de engenheiros agrônomos (drenagem, irrigação, escolha de variedades, fertilização, cortes, produção de massa verde, monitoramento e controle de invasoras pragas e fito moléstias, etc). Acredito que já passou do tempo da profissionalização nesse setor, bem como da valorização do profissional de Agronomia como o responsável por essa área.”

segunda-feira, 1 de março de 2010

Novas alternativas

O fracasso da cúpula do clima em Copenhague, ano passado, levou o principal articulador da ONU, o diplomata Yvo de Boer, a renunciar de seu cargo este mês, o que foi notícia em todos os principais jornais do país e do mundo. Aos olhos de uns, pode parecer apenas uma mera dança interna de cadeiras, mas ela nos leva a refletir a respeito da posição que os países vêm tomando em relação às urgentes ações que necessitam discutir para os rumos do planeta.

Um dos principais assuntos que precisam ser abordados neste debate global é a questão das matrizes energéticas. Hoje, no Brasil, vemos uma calorosa discussão a respeito da construção da usina de Belo Monte, no Pará, que deverá ser a terceira maior do mundo, perdendo apenas para a monumental Três Gargantas, na China, e a de Itaipu, divida entre nós e o Paraguai. Ainda passando pelos trâmites burocráticos, o projeto já conseguiu uma licença prévia do Ibama, o que gerou críticas por parte de alguns ambientalistas. Belo Monte será alimentada pelo rio Xingu e sua criação deve alterar o curso de alguns de seus afluentes, afetando um grande número de comunidades indígenas e ribeirinhas.

Há quem diga que o país é dependente demais das hidrelétricas. Após o recente episódio do blecaute que atingiu cerca de dez estados, em novembro de 2009, a discussão sobre novas alternativas de energia tornou-se ainda mais importante, e certamente irá pautar os embates eleitorais este ano. É preciso pensar sobre novos modelos o quanto antes, uma vez que a capacidade de desenvolvimento do país está diretamente ligada a questões de infraestrutura como esta. O que é fundamental estar na pauta, no entanto, é que este desenvolvimento deve estar, sempre, aliado à sustentabilidade. O planeta agradece e as futuras gerações também.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Muitos desafios à frente

Há uma brincadeira corriqueira que diz que, no Brasil, o ano só começa mesmo depois do Carnaval. Pois 2010 terá alguns motivos para passar bem mais rápido: é ano de Copa do Mundo e também de eleições presidenciais, temas que costumam mobilizar grande parte das atenções dos brasileiros – tendendo mais para o futebol do que para a política.

Não podemos nos esquecer que 2010 deverá ser o ponto de partida de muitas ações que só veremos concretizadas no futuro. É preciso, então, que nós cidadãos exerçamos nosso dever e nosso direito de fiscalizar e cobrar as autoridades competentes para que elas cumpram seu papel. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 parecem uma miragem distante, mas estão mais próximas do que podemos imaginar.

Na folia que acabamos de presenciar e muitos cariocas e turistas apreciaram, vimos que ainda há muito o que se fazer no que se refere à infraestrutura da cidade para receber eventos. É fato que não houve maiores contratempos na Marquês de Sapucaí; porém, numa vistoria feita pelo Crea-RJ, na qual eu estava presente, identificamos que o estado geral do Sambódromo deixa muito a desejar e que diversos problemas de conservação podem ser danosos no futuro. E no carnaval de rua, que este ano atraiu mais foliões do que Salvador e seu trios elétricos, faltou uma maior organização para disponibilizar banheiros públicos. Nossa proposta de priorizar banheiros conectados diretamente às redes coletoras não prosperou. Os químicos continuam espalhando odores pouco suportáveis e afugentando as mulheres.

O metrô, muito utilizado tanto para quem ia para o Sambódromo quanto para cariocas e turistas em geral chegarem aos seus blocos preferidos, circulou lotado, sujo e com intervalos enormes. Nosso aeroporto internacional, o Galeão, ainda em reformas, precisa de modernização, para se igualar aos melhores do mundo.

Parecem pequenos detalhes, mas todos eles fazem parte da construção de uma cidade melhor. E de uma cidade que receberá, nos próximos anos, dois dos principais megaeventos mundiais. Não podemos deixar que a cidade, com sua vocação natural para receber e deixar estrangeiros e visitantes boquiabertos, permita que eles saiam daqui com má impressão.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Símbolo de desenvolvimento

Uma forma eficiente de constatar se vivemos em uma cidade considerada desenvolvida, e que oferece o mínimo de qualidade de vida para seus cidadãos, é olhar para sua malha de transportes. Um serviço eficaz é reflexo de que não apenas o transporte público anda bem, mas que também outros setores estão trabalhando de forma organizada: sendo ágeis na hora de enfrentar os desafios urbanísticos e de fiscalizar quem presta estes serviços.

Esta, infelizmente, não é a atual realidade do Rio de Janeiro. Na quinta-feira passada, estive presente em uma vistoria realizada no Metrô Rio, junto com o deputado estadual Alessandro Molon, o vice-presidente do Crea-RJ, Luiz Cosenza, o Sindicato dos Metroviários, além de outros especialistas, para avaliar como está o atendimento deste importante meio de transporte para a sociedade. O que verificamos foi o oposto do que é desejável para que os cariocas consigam chegar, com rapidez, segurança e conforto ao seu local de trabalho ou lazer.

Estações cheias, vagões superlotados, tempo de espera muito acima do recomendável estão entre os principais problemas enfrentados pelos usuários do metrô, que pagam uma alta tarifa para terem à disposição um serviço que não cumpre o que lhe é incumbido. A mudança na integração das linhas 1 e 2, divulgada como uma solução para a constante superlotação da estação Estácio, acabou se revelando um remédio amargo: com a construção da linha 1A, unindo a estação do Estácio a Central, o serviço, que custou ao governo e a população do Estado do Rio a concessão de mais 20 anos do serviço para a empresa, na verdade piorou.

O metrô conseguiu “soluções” inusitadas que não se vê nos metrôs existentes no mundo. Primeiro, jogou uma linha nova sobre outra, antiga, criando uma espécie de linha dobrada. Segundo, criou a “estação obrigatória na mesma linha de trilhos”, como é o caso da estação Botafogo, que é ponto final da linha 2 mesmo para quem vai seguir adiante, rumo à Copacabana ou Ipanema.

O Crea-RJ confia que a solução será encontrada, uma vez que o Metrô Rio e o governo sabem perfeitamente da importância do serviço para a população, principalmente daquela que mora em regiões mais distantes da cidade para chegarem aos seus locais de trabalho. Estamos atuando para colaborar na busca de um transporte público mais acessível e confortável para todos os cidadãos, à altura da importância que a Cidade Maravilhosa tem para o país e também para o mundo, como futura sede olímpica.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A engenharia e as catástrofes

Mais uma vez, o momento é de exercer a solidariedade. Após as chuvas provocarem desabamentos e mortes em Angra dos Reis, mobilizando o país, esta semana o mundo foi surpreendido por um intenso terremoto que devastou o Haiti, o país mais pobre das Américas. O abalo sísmico e a destruição foram tão grandes que chegaram a ser comparados à detonação de 30 bombas atômicas iguais as de Hiroshima.

Não há como prever ou prevenir uma catástrofe desta natureza, porém os esforços humanos são capazes de amenizar os prejuízos materiais e também de vidas humanas. Uma vez que o país encontra-se em uma área de falha geológica com alto risco de terremotos, é extremamente necessário e urgente o desenvolvimento de tecnologias e métodos de engenharia que possibilitem que estes acontecimentos tenham o menor impacto possível para os habitantes.

Na década de 90, por exemplo, abalos de fortes proporções quase destruíram a cidade de Kobe, no Japão, e a Califórnia, nos EUA. No entanto, suas conseqüências foram diferentes justamente por causa da engenharia. Os prejuízos nos EUA foram enormes, mas menores do que na cidade japonesa porque os americanos dispunham de uma infraestrutura instalada na adaptação das casas.

Infelizmente, a tragédia é agravada pela delicada situação socioeconômica do país. Por conta de suas condições precárias, o Haiti não possui equipamentos adequados para a detecção de tremores, nem ao menos máquinas capazes de ajudar no salvamento de pessoas soterradas por escombros. Além de enviar ajudas humanitárias, os países que, agora, se unem para tentar auxiliar nessa recuperação devem, também, fornecer equipamentos, engenheiros especializados e tecnologias para que, neste momento, os enviados de todo o mundo ao menos consigam chegar à capital, Porto Príncipe, e forneçam a ajuda que a população tanto necessita.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma tragédia que não pode mais acontecer

Assistimos todos, na virada do ano, a uma tragédia sem precedentes em Angra dos Reis. Após as fortes chuvas na véspera do Ano Novo, deslizamentos de terra no município e em Ilha Grande ceifaram a vida de mais de 50 pessoas, levando pânico e desespero a famílias que haviam acabado de celebrar mais uma passagem de ano, um momento que deveria ser de esperança e felicidade.

Apesar de ser difícil prever todos os deslizamentos de terra, é preciso investir em uma cultura preventiva de desastres para que seja possível detectar com mais rapidez e precisão áreas de riscos e, assim, evitar que as chuvas, tão comuns nesta época do ano, tragam prejuízos materiais e de vidas humanas. Afinal, não é de hoje que tempestades castigam os cariocas no verão. Exatamente pelo fato de não ser novidade, é espantoso que medidas de prevenção não sejam tomadas de forma mais consistente. E está provado que a cultura da prevenção, ainda tão rejeitada, custa muitíssimo mais barato, além de poupar vidas.

Uma sugestão que o Crea-RJ defende há muito tempo é a criação de um órgão estadual que atue nos moldes da Geo-Rio, empresa municipal responsável por avaliar áreas de risco e elaborar planos de contenção de encostas, entre outras atribuições que auxiliam a cidade a sofrer menos com os humores do clima.

Claro que não podemos ser ingênuos de achar que apenas a chuva é culpada pelo desastre. Anos de ocupações irregulares e a falta de planejamento urbano são outros dois sinistros ingredientes para que esse tipo de tragédia continue a acontecer em numerosos lugares. Por isso, espera-se que o recente trauma pelo qual Angra dos Reis ainda vai demorar para se recuperar sirva de exemplo e motivação às medidas necessárias para que acontecimentos deste gênero não voltem a acontecer.
 
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